segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O EXEMPLO DE NELSON MANDELA PARA O MUNDO.


As lições de um líder chamado Mandela

        Que faria Nelson Mandela no lugar de Barack Obama nos Estados Unidos ou de Mohamed Morsi antes de sua queda no Egito?  Para mencionar somente esses dois dirigentes que no momento refletem o descrédito da classe política mundial. Existe uma crise de poder no mundo de hoje, espetacularmente simbolizada no golpe militar egípcio e nas manifestações que presenciamos ultimamente no Brasil e na Turquia. E pouco falamos de Mandela, que agoniza no hospital. Nos limitamos a recordar com nostalgia  sua trajetória histórica e não buscamos aplicar suas lições ao mundo atual. Bill Keller, ex-diretor do jornal New York Times, tempos atrás, publicou na sua coluna diária um artigo  comparando Obama com Mandela onde concluiu  que o primeiro presidente negro dos Estados Unidos não estava à altura do primeiro da África do Sul.
      Muito menos  Mohamed Morsi. Realizamos uma comparação dos cinco anos em que  Mandela esteve no poder, com os 12 meses em que Morsi  exerceu a presidência do Egito. Ambos assumiram o poder em circunstâncias similares. Um na primavera arábe e o outro na primavera africana. Só que Mandela soube se preparar para o inverno, compreendendo que a prioridade, em uma época de transição e fragilidade institucional era construir uma nova nação e não lavar as mãos e pensar: “agora é a nossa vez, vamos impor o conceito do nosso país e quem não esteja de acordo que aguente e se cale. E o que se viu  nas ruas de Cairo, é que quem não compartilhou a visão islamista, não aguentou e tampouco calou. A lição egípcia é que  promover a divisão em um país em transição gera como consequência um resultado catastrófico.
       Mandela, quando chegou à presidência entendeu  as condições de fragilidade política e que a unidade nacional era imprescindível. Que sua missão consistia em que todos se vissem identificados e representados no primeiro governo democrático da história do país. Se fracassasse, corria o risco de desatar uma contra-revolução armada ou provocar um golpe de Estado militar. Ele, na pele de Morsi e seus irmãos muçulmanos, teria se aproximado com generosidade do setor mais secular da população, dos cristãos e  das mulheres e aplacado temores com gestos simbólicos e ações práticas. Teria ressaltado a prioridade nacional de criar estabilidade, de encontrar pontos de encontro entre todos os setores da sociedade. Como disse Financial Times: “respondeu o que queriam a Irmandade e não o que queriam o cidadão da república”.
       Bill Keller, no seu artigo para o The New York Times, disse que seria interesssante “imaginar como a presidência de Obama poderia ter feito se tivesse realizado à a maneira de Mandela”. Keller ressaltou o gênio negociador do líder africando e a sua claridade de princípios: possui o dom da  visão política fundamental  da persuasão e com olhos postos no objetivo central: entender onde há espaço para poder realizar concessões e onde não. Por exemplo, as constantes e frustrantes batalhas que Obama teve com o Congresso em que não conseguiu se aproximar e nem ter uma relação de simpatia mútua com os dirigentes republicanos. Mandela teria identificado os republicanos mais influentes,  feito o convite para tomar um café na Casa Branca e servido pessoalmente;  realizado brincadeiras, destacado os interesses comuns, e sutilmente, colocando contra a parede e apelado à responsabilidade social e o patriotismo.
    Estamos falando de realidades nacionais distintas e culturas diferentes?  Sim, mas Mandela meteu no bolso os direitos dos brancos de seu país, gente racista e temerosa que preparava uma guerra civil para acabar com seu projeto democrático. O desafio de Morsi seria maior, mas o princípio é o mesmo. Os grandes estadistas, que passam à história como Mandela e  Abraham Lincoln, são os que aspiram a unificar seus povos. Isso é o que deveriam promover em seus diferentes contextos,  Obama, Recep Tayyip Erdogan na Turquia, Nicolas Maduro na Venezuela, Dilma Roussef no Brasil,  Cristina Kirchner na Argentina e Enrique Peña Netto no México, todos os dirigentes do mundo cujos países sofrem as consequências da cegueira ideológica, a divisão social ou um passado recente complicado, com feridas ainda para cicatrizar. Para isso é necessário desejar o bem comum diante de qualquer interesse, ser generoso e não jogar a curto prazo. Pragmático, não partidário. O exemplo de Mandela demonstra que sim, se pode fazer as coisas!!!

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