quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

TELEFONIA MÓVEL SERVIÇOS INÚTIL OU IMÓVEL.

O caos privado da telefonia móvel


Por Altamiro Borges

A Folha de hoje publicou um editorial duro contra o caos na telefonia móvel. Defensora ardorosa da privatização do setor no reinado de FHC, como todo o restante da mídia, o jornal reclama da péssima qualidade dos serviços prestados à sociedade, mas prefere botar a culpa na ineficiente fiscalização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Os celulares não funcionam e a internet é uma porcaria, mas a mídia privatista evita fazer autocrítica e alivia a barra das operadoras privadas. A culpa é do governo Dilma!


A chiadeira da Folha teve como base o recente relatório da Anatel sobre as graves falhas no setor. O estudo confirmou que a qualidade da internet por celular ou tablets (3G) e do envio de mensagens de texto (SMS) está abaixo do estipulado nos contratos. Ele constatou que, entre agosto e outubro do ano passado, 4% do tráfego de internet e SMS teve falhas de conexão. “É o dobro do limite permitido, fixado pela própria Anatel”. Para a Folha, os problemas existem porque a “a agência não age com rigor para impedir que se repitam”.

No final de janeiro, o Estadão já havia criticado os péssimos serviços das operadoras de telefonia. “O Brasil dispõe de um dos maiores sistemas de telecomunicações do mundo, disputado por gigantescas empresas internacionais e brasileiras, além de um conjunto de órgãos reguladores conhecidos, mas nem assim os consumidores são bem atendidos”. Mas o jornalão conservador, outro baluarte da privataria tucana, não aliviou a barra dos empresários. Ele inclusive lembrou as ações do governo e da Anatel contra as companhias.

“Em julho do ano passado, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), órgão que regula o setor, proibiu as três das principais operadoras de telefonia celular do país - Oi, TIM e Claro - de vender serviços de internet e telefonia móvel em inúmeros Estados, devido à má qualidade dos serviços, interrupções constantes nas ligações e número crescente de reclamações dos clientes. Em 2009, a Vivo foi proibida de comercializar alguns planos devido à deficiência dos serviços de banda larga”.

Estas ações, porém, não resultaram na melhoria dos serviços. As reclamações contra as operadoras no Procon aumentaram em 19,7%, entre 2011 e 2012. As empresas privadas não tem qualquer compromisso com a qualidade dos serviços. Na lógica do próprio capital, elas estão preocupadas apenas com o aumento dos seus lucros. No caso das multinacionais, elas inclusive remetem bilhões para as suas matrizes em crise na Europa. A privatização deste setor estratégico cobra o seu preço, mas a mídia não admite sua culpa no cartório!


VEJA O EDITORIAL  DA FOLHA RECLAMANDO DA TELEFONIA...




Telefonia imóvel
Deficiências das operadoras de celular não são novas nem desconhecidas pela Anatel, mas agência reguladora falha na defesa dos usuários
No celular, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversa com a sucessora, Dilma Rousseff, e a ligação cai. A falha se repete duas vezes. O relato de um ministro, de agosto de 2012, é um exemplo acabado das agruras do usuário de telefonia móvel no país.
Não há, portanto, novidade no relatório da agência reguladora do setor, a Anatel, que indica estar abaixo do estipulado a qualidade da internet por celular ou tablets (3G) e do envio de mensagens de texto (SMS).
O estudo apontou que, entre agosto e outubro do ano passado, 4% do tráfego de internet e SMS teve falhas de conexão ou envio. É o dobro do limite permitido, fixado pela própria Anatel.
Ainda mais preocupante é que, apesar de os problemas serem recorrentes, a agência não age com rigor para impedir que se repitam. Segundo a Anatel, nenhuma das operadoras será punida desta vez, mas não estão descartadas medidas "severas", se necessárias.
A transigência poderia ser aceitável se o setor de telefonia móvel não fosse figura frequente nos diversos rankings de reclamações de consumidores. As operadoras de celular lideraram, por exemplo, a lista de reclamações aos vários Procons do país em 2012.
Nem mesmo a reação de julho do ano passado, quando a Anatel suspendeu a venda de novos números pelas marcas Oi, Tim e Claro, parece ter produzido efeitos.
Desde então, não são raros os relatos de panes no sistema das três operadoras e também da Vivo (que não foi punida na ocasião), como a que afetou milhões de usuários no Estado de São Paulo no mês passado.
A infraestrutura é claramente insuficiente para acomodar o crescimento do número de usuários -há mais de uma linha de celular por habitante- e dos acessos à internet por aparelhos móveis.
No final de 2012, a média era de 66 milhões de acessos via banda larga móvel (3G) por mês. Um crescimento de 170% em relação ao início de 2011.
As operadoras dizem, em sua defesa, que ampliaram os investimentos. Prometem fazer novos aportes para melhorar a qualidade do serviço. Para o consumidor que paga caro, no entanto, o salto de qualidade não se materializou nem parece à vista.
O celular, para o brasileiro, é muitas vezes o único telefone de que dispõe para falar com amigos e clientes. E, com cada vez mais frequência, também sua porta de entrada para a internet.
Oferecer um serviço ruim e a preços exorbitantes é intolerável. Cabe à Anatel cobrar das empresas a garantia de que entregarão o que prometem à agência e aos usuários.

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